Padaria Costa, Esperança, Dias e João Lda
Um sabor que perdura no tempo. Num tempo, que também ele, nos leva ao encontro das nossas verdadeiras raízes e tradições.
Duarte Dias é natural do Concelho de Mértola, mas talvez aquilo que muitos não saibam é o percurso que, por detrás deste homem, que hoje gere os destinos da panificadora “Costa, Esperança, Dias e João Lda está um longo percurso. Um percurso que começa muito cedo, aos 12 anos, e não nestas “andanças do tão tradicional Pão Alentejano”. Em 1967 começa a trabalhar como servente de pedreiro. Passados 2 anos é então convidado para trabalhar na moagem num edifício que ficava ao lado da panificadora que hoje conhecemos.
Ruma mais tarde ao Algarve, sem antes recordar, que nessa altura ganhava 10 Escudos por dia, como em Loulé lhe ofereceram 15 Escudos, sem hesitar aceitou. A vida iria novamente trocar-lhe as voltas (neste caso para melhor) e surge a oportunidade de se mudar novamente, esta vez para S. Brás de Alportel onde o salário já chegava aos 450 Escudos quinzenalmente. Na altura, com 18 anos, é lhe feito o convite para gerir os destinos da Padaria e é nesse momento que adquire a “carteira profissional”.
Em 1983 e de regresso a S. Pedro de Sólis, juntamente com mais 3 sócios, fundam a Panificadora “Costa, Esperança, Dias e João, Lda”. Nos inícios dos anos 80 era um edifício com apenas 80 m2 “anexado” a uma antiga moagem, hoje tem cerca de 1200 m2 e mais não cresce porque o projeto a que se candidataram não o permite.
A panificadora conta atualmente com mais de 30 funcionários e a maioria nem sequer são oriundos do Concelho de Mértola, inclusive, alguns deles, são de outras nacionalidades.
“As pessoas não estão muito tempo por aqui, os mais novos não se adaptam ou não aceitam estes horários, que quase sempre obrigam a trabalhar durante a madrugada” afirma Duarte Dias. “E o problema não é só esse, as entidades competentes, parecem resistir no que diz respeito a qualificar os mais novos nesta área, que temo se venha a perder” conclui.
Questionado sobre o facto se a pandemia teve repercussões na empresa e fabrico, responde que não. “O pão é algo que nunca faltou nem pode faltar, na mesa dos nossos clientes ou de qualquer pessoa, ainda mais o tão tradicional que aqui é produzido, aliás a procura até aumentou”.
A distribuição do Pão de S. Pedro de Sólis, que muitos clientes chamam “Pão de Mértola”, é comercializado desde o Algarve, até à zona da Grande Lisboa, Cascais, Linha de Sintra e Margem Sul. Segundo Duarte Dias às vezes até viaja mais longe, até Zurique na Suíça, ao encontro dos nossos emigrantes, que embora tão longe, não esquecem as raízes e sabores tão nossos, tão tradicionais e Alentejanos.
O segredo da qualidade deste Pão, está no fermento (ou isco), na farinha e evidentemente a amassadura, se lhe juntarmos o resto do processo, o aquecimento do forno e a cozedura, o segredo está revelado. Ao todo a Padaria de S. Pedro de Sólis já soma 3 medalhas de ouro, duas de prata e a distinção de “O Melhor dos Melhores”.
Ainda segundo Duarte Dias: “Esta foi a escola de alguns, que posteriormente pelo Concelho de Mértola, criaram o seu próprio negócio do Pão, foi aqui que começaram, cresceram e aprenderam este ofício, que espero não se perca e que algum esforço seja feito para incentivar esta nova geração a seguir os nossos passos, a nossa tradição”.
Duarte Dias espera que o filho (atualmente a trabalhar na panificadora) tome conta deste legado, para que um Pão com esta qualidade, mantenha sempre a sua essência, sabor e evidentemente a nossa verdadeira identidade que é tão tradicional e nos distingue.