Padaria Flor do Guadiana
“Como o amor por um padeiro, se converteu na arte de fazer pão, de forma tão tradicional”.
Numa manhã como tantas outras e não muito longe do nosso local de partida, “aqui mesmo ao lado” e sem ser preciso sair da sede de Concelho, junto ao Grande Rio do Sul, tivemos desta vez, como destino, a Padaria Flor do Guadiana.
Ainda não tínhamos entrado e já Manuela Santos andava na azáfama habitual. Do tempo que pouco tem e entre a confeção dos tão deliciosos produtos ali produzidos, que, embora já nós com o pequeno almoço tomado e barriga reconfortada, de pouco nos serviu, pois, o apetite dá logo sinal: lá diz o ditado: “os olhos também comem”.
Natural do Concelho onde desde sempre viveu, muito cedo começou nestas andanças. Foi logo aos 18 anos e do amor por um padeiro que surge uma outra paixão: a confeção de bolos. Mas foi nas tão afamadas costas que Manuela Santos começou a sua aventura. O resto viria mais tarde e por iniciativa própria.
“As receitas eram minhas. Surgiam, porque a vida não para e o negócio segue esse mesmo trajeto, senão corremos o risco de nos perdermos ou de deitar tudo a perder”, confessou.
A Padaria Flor do Guadiana tem mais de 60 anos e é a mais antiga da Vila Museu. Começou por ter 3 sócios, atualmente Margarida Santos e o marido gerem este negócio.
Do pão, aos também tão apetecíveis papo-secos, passando pelos bolos e as tão deliciosas costas, tudo é feito com rigor e de forma tradicional. Uma tradição que, nas palavras de Manuela “entranha-se em nós, para não mais nos deixar”.
A venda é feita ali mesmo ao balcão, com alguma distribuição própria. Os clientes já conhecem os produtos e evidentemente o caminho.
Ultimamente e segundo Manuela Santos, os tempos têm sido “menos bons”, atendendo à situação que todos vivemos, devido à atual pandemia.
“Muitas das pessoas que por aqui passavam, rumando a outros destinos, deixaram de o fazer. Não por vontade delas, evidente, mas devido às circunstâncias que o confinamento impõe. Mas graças aos residentes, às pessoas do nosso Concelho o fabrico e a venda nunca pararam, e por isso estou grata “aos filhos da terra” e aqueles que por aqui ficaram.”
Por último, ainda nos confessou algo que, aliás, tem sido comum ouvirmos da boca de quem mantém viva a tão especial herança tradicional, que a nossa terra possui e nos define.
“Espero que a minha filha (e também esta geração mais nova), não deixe cair no esquecimento este “ofício”, esta tradição. E que tal como eu se apaixonem pelas suas raízes, para que elas cresçam e continuem a dar os frutos que temos e que são tão nossos”