Padaria Seara de Pão S. Miguel do Pinheiro

Este é mais dos casos de sucesso do Concelho de Mértola, onde o saber das nossas tradições é passado de geração em geração. E não é só o saber, é também o sabor.

Jorge Marques é um dos três sócios que gere os destinos da Padaria Seara de Pão, situada em São Miguel do Pinheiro. Um negócio familiar do qual fazem igualmente parte integrante, a irmã e a mãe. E pode bem dizer- se que, neste caso, foi a mãe a grande impulsionadora deste sonho hoje tornado realidade. Jorge Marques dedica-se mais à parte burocrática da panificadora, porque e segundo diz “ a minha mãe é que conhece bem o segredo de mexer na massa”. E segundo afirma o verdadeiro “ingrediente” que caracteriza o pão é isso mesmo, a arte de bem amassar, aquele toque tão especial que não está ao alcance de “qualquer mão”. Foi em 2001, no decorrer da edição desse mesmo ano, da Feira do Mel, Queijo e Pão que as pessoas ficaram a conhecer este segredo e este sabor.

Naquela altura a produção estava mais vocacionada para os bolos, mas surgiu a ideia de levar também pão para o certame, uma experiência que ultrapassou todas as espectativas. A procura foi tanta, que, para além dos bolos, começaram a produzir pão em casa. Com o passar do tempo as encomendas foram crescendo e tornou-se impossível dar resposta aos pedidos e à produção, num espaço tão pequeno. Em 2012 concorrem aos projetos do Fundo Europeu e assim nasce a panificadora que hoje conhecemos.  Ao todo são sete os funcionários que ali desempenham funções e mais não há, segundo Jorge Marques, porque, trabalhar nesta área exige horários um pouco fora do vulgar e muitos julgam não ser capazes de se adaptar, da mesma forma que esta é uma profissão onde o “saber fazer” não se conquista de um dia para o outro ou se encontra num “manual”. Dos atuais funcionários, seis trabalham em São Miguel do Pinheiro, um outro está em Beja, na loja Seara de Pão situada na Capital de Distrito, onde e segundo Jorge Marques, é um dos locais onde as vendas mais se destacam.  Para além disso o pão de São Miguel do Pinheiro chega às mesas dos consumidores mais exigentes e de bom gosto, espalhados por esse País fora, nomeadamente na Zona do Algarve, mas também viaja “além fronteiras”. De 15 em 15 dias vai ter à mesa dos nossos emigrantes, em Zurique na Suíça.  Nestes tempos menos bons em que (na altura em que realizamos esta entrevista) o Mundo é afetado pela pandemia de Covid 19, Jorge Marques diz que a procura por um bem tão precioso e tradicional como o Pão Alentejano se tem mantido, existindo aliás alturas em que se tem registado um aumento na procura e consequentemente na produção.

Para além do pão tradicional, as costas são outros dos produtos apetecíveis ali produzidos. Costas que também elas foram evoluindo com o passar do tempo e atualmente são confecionadas com diversos sabores, incluindo os de maça e de chocolate.

Jorge Marques afirma que um dos seus objetivos futuros, passa por manter viva esta tradição tão peculiar da arte do Pão tradicional, mas, principalmente, conseguir fixar nesta zona do interior quer o investimento, e para isso espera que o seu exemplo sirva para que outros sigam o mesmo caminho, quer as pessoas, nomeadamente os mais novos, porque esta é a verdadeira identidade da nossa Região. Realçou que esta identidade não se pode perder e é necessário criar formas de conjugar estes factores para conseguir manter as futuras gerações “fixadas” nas suas raízes e evoluir na terra que os viu nascer.

Date:

Junho 22, 2021